domingo, 16 de junho de 2013

BREVES INVASÕES - SOBREVIVENTES


            Pretendo, neste setor do Blog, relatar em melhores detalhes as espécies de algas marinhas bentônicas que ainda resistem na Baia de Guanabara. Isto devido ao descaso pela recuperação deste cenário de rara ocorrência em nossa costa.
                E aquilo que não se cuida, abre portas para invasões. Hoje vou apresentar duas ocorrências de invasões não detectadas ainda e possivelmente ainda ocorram por estas águas.

                Trata-se de uma espécie do gênero Gracilaria (Figura 1) e outra do gênero Polysiphonia (Figura 2). Ambas encontradas no lado Norte da Ilha da Boa Viagem (Figura 3 e 4), no final da década de 80 e inicio de 90. 



FIGURA 1

              A espécie de Gracilaria se assemelha a Gracilaria verrucosa (Hudson) e foi de ocorrência rápida no local, aparecendo com uma grande população, mas não resistindo por mais de dois anos. 


FIGURA 2

              Espécies de Polysiphonia são encontradas em várias referências sobre invasões (veja referências no final do texto). Veja a anotação encontrada em “ElectronicFlora of South Australia Species Fact Sheet”:
P. decipiens appears to be widely distributed and often common along southern Australia, in New Zealand (South I., Stewart I., and Auckland Is) and possibly in southernmost South America (Ardissone 1888, p. 215, repeated by Pujals 1963, p. 117). P. cancellata was recorded from Japan by Yendo (1916a, p. 61), but the clearly distinct Japanese species has been described as P. notoensis by Segi (see Yoshida 1999, p. 1069).
                Esta espécie encontrada na Baia de Guanabara muito se assemelha com Polysiphonia howeii e possivelmente poderia passar despercebida.
                Achando se tratar de P. howeii, pesquisei por várias semanas, durante o estágio no Laboratório de Ficologia da UERJ,  junto ao Pedrini; comparando a fenologia da espécie com as fases lunares durante as amostras.




FIGURA 3

            Comecei a achar se tratar de outra espécie quando notei a presença de uma leve corticação nos ramos dorsiventrais dos espécimes, algo não relatado em nenhuma Polysiphonia brasileira e de real importância na identificação do gênero (Sturcke and Freshwater, 2008).


FIGURA 4

                 Logo estarei relatando as espécies que ainda sobrevivem nesta área.

                Até lá.

REFERÊNCIAS
  • Kim, M-S. et all.2004. Recent introduction of Polysiphonia morrowii (Ceramiales,Rhodophyta) to Punta Arenas, Chile. Botanica Marina. 47:389-394.
  •  Curiel, D. et all. 2002. First Report of Polysiphonia morrowii Harvey (Ceramiales, Rhodophyta) in the Mediterranean Sea. Botanica Marina. 45: 66-70.
  •  Erduğan, H. et all. 2009. New Record for the East Mediterranean, Dardanelles (Turkey) and its Distribution: Polysiphonia morrowii Harvey (Ceramiales, Rhodophyta). Turkish Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 9: 231-232.
  •  Sturcke, B. and Freshwater, D.W. 2008. Consistency of morphological characters used to delimit Polysiphonia sensu lato species (Ceramiales, Florideophyceae): analyses of North Carolina, USA specimens. Phycologia. 47: 541–559.