segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DISTRIBUIÇÃO LATITUDINAL DA FLORA MARINHA BENTÔNICA DA ARGENTINA

DISTRIBUIÇÃO LATITUDINAL DA FLORA MARINHA
BENTÔNICA DA ARGENTINA

                                                                                                                                  José Antonio Muniz
                                                                                                                                                           2012
Utilizando as informações contidas no trabalho de Boraso & Zaixso [Link] tabulou-se (Figura 1) as localizações e distribuições latitudinais das espécies de algas marinhas bentônicas no litoral argentino a partir da ordenação destas pelo MDS (Figura 2).

Figura 1


Figura 2

Tendo estes valores confirmados quando utilizamos o PCA (Figura 3).
Figura 3



Observa-se a formação de 5 províncias nos seguintes intervalos de latitude:

·         Zona 1 entre 36°20’ e 38°

·         Zona 2 entre 38°20’ e 40°48’

·         Zona 3 entre 42°15’ e 47°45’

·         Zona 4 entre 48° e 54°42’

·         Zona 5 > 54°50’.

O número de espécies aumenta junto com o aumento das latitudes apresentando uma maior quantidade de espécies diferentes na Zona 3 (Figura 4 e 5).


Figura 4

Na Zona 3 também, encontramos 3 subprovíncias pois temos um grupo de algas que ocorrem na parte norte desta zona, outra na parte sul desta zona e um grupo de algas que se distribui em toda a Zona 3.

Figura 5

Observamos na Figura 6 o mapa da Argentina com a localização das 5 zonas demarcadas.

Figura 6

 Acreditamos também que com maior esforço amostral, as regiões de mais altas latitudes apresentem maior número de espécies como a curva da figura 4 pretende demonstrar.
 
 






















 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Península de Monterey - California


                 Muitos livros influenciam nossas escolhas, ou pela forma que descrevem ou exprimem suas emoções. E um dos livros que mais me impressionaram foi o do Gilbert Smith: “Marine algae of the Monterey Peninsula California”.
                Praticamente não temos kelps aqui no Brasil e as figuras do seu livro abriam uma janela para um mundo ainda não conhecido para mim. Mais tarde o livro da Isabella Abbott e do Hollemberg complementaram aquele trabalho e o do Doty para o Oregon.
                Há tempo este blog é visitado por alguém de Mountain View, uma região bem próxima da península de Monterrey e aproveito este canal para perguntar se gostaria de enviar algumas dessas preciosidades do Pacífico Norte tropical para minha coleção de excicatas.
 
              Até a próxima !!
 
 

domingo, 4 de novembro de 2012

EFEITO CANOPY EM UMA COMUNIDADE ASSOCIADA À Sargassum cymosum - II

EFEITO CANOPY EM UMA COMUNIDADE ASSOCIADA À
 Sargassum cymosum
 
          Abaixo, três exsicatas de Sargassum cymosum da Praia da Figueira, Angra dos Reis (RJ) com diferentes morfologias e tamanhos.


 

sábado, 3 de novembro de 2012

EFEITO CANOPY EM UMA COMUNIDADE ASSOCIADA À Sargassum cymosum


EFEITO CANOPY EM UMA COMUNIDADE ASSOCIADA À Sargassum cymosum
                                                                                                                                                José Antonio Muniz
                                                                                                                                                                           1989
INTRODUÇÃO
                A presença de densos bancos de Sargassum em ambientes intermareais no sudeste brasileiro é mencionada há bastante tempo atrás (Joly, 1965).
                Embora presentes em todos os primeiros grandes levantamentos da costa brasileira (Joly, 1965, Yoneshigue-Braga, 1970 e Ugadim, 1973) apenas a partir do final da década de 80 os aspectos ecológicos e quantitativos deste nicho foram estudados (Paula, 1988; Paula & Eston,1987; Eston,1987; Paula & Oliveira Filho,1980 e Paula & Oliveira, 1982).
                O gênero Sargassum e suas espécies presentes em ambientes do sudeste brasileiro foram bem delimitados em Paula (1988) assim como o comportamento e relações destas comunidades (Oliveira Filho e Mayal, 1976; Paula e Oliveira Filho, 1980 e Oliveira Filho e Paula, 1983).


Figura 1 - Mapa de localização da Praia da Figueira - Angra dos Reis(RJ)


                Analisando-se duas populações de Sargassum cymosum C. Agardh exposta a condições diferentes de exposição às ondas mostraram comportamento fenológico e morfológico diferenciado (Paula & Oliveira Filho, 1980 e 1982).
                A utilização da metodologia da morfofuncionalidade do talo de algas bentônicas (Littler & Littler, 1980) acrescentaram muitos subsídios à compreensão do seu papel ecológico e fisiológico, reduzindo a amostragem a uma condição de melhor entendimento das suas reais influências nos locais onde subsistem, sem perda da informação.
               

Figura 2 – Aspecto da Praia da Figueira com a indicação do costão analisado.
                 O objetivo deste trabalho é comparar as comunidades de macroalgas na presença e na ausência de Sargassum cymosum em suas amostras, quanto a sua especificidade e pela distribuição dos seus grupos morfofuncionais durante uma estação anual em um costão semi-protegido da Praia da Figueira em Angra dos Reis (RJ).

MÉTODOS
                Utilizando-se de um quadrado de 50 cm de lado, subdividido em 100 quadrículas, contabilizou-se a cobertura de quinze amostras das macroalgas existentes na região infra-litoral de um costão semi protegido a leste da Praia da Figueira, Angra dos Reis (RJ), em cada estação do ano durante um ciclo anual (Figuras 1 e 2).
                As amostras foram tomadas aleatoriamente, utilizando-se de um cordão numerado e de uma tabela de números aleatórios (Kershaw & Looney, 1985).
                As amostras foram ordenadas utilizando o método da ordenação polar (Bray & Curtis, 1957). Os valores de cada alga em cada microambiente foram tabelados para comparação.
                A medida de similaridade utilizada foi a Distância Euclidiana com transformação pela raiz quadrada.
                Para análise da normalidade das amostras utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov.
                As macroalgas foram classificadas em cada grupo morfofuncional em que se encontra, conforme Littler & Littler (1980).

RESULTADOS

A.      Ordenação Polar

 
 A ordenação polar de cada grupo de amostra por estação do ano aponta claramente para formação de grupos influenciados pela presença de Sargassum cymosum ou não (Figura 3).
       Exceto no inverno, grupos de amostras onde a presença de Sargassum cymosum era pequena ocorreram entre amostra com ou sem a presença desta espécie; estas amostras não estão incluídas na análise da distribuição e sazonalidade dos organismos da comunidade, provavelmente foram lançadas na borda da população de Sargassum cymosum.


Figura 3 – Ordenação Polar das amostras em cada estação do ano.
A.      Estrutura da Comunidade

             Os valores médios de cada espécie em cada estação do ano e em amostras com a presença ou ausência de Sargassum cymosum encontram-se na figura 4. Estes valores foram transformados em um gráfico (Figura 5) onde percebemos as diferenças entre a composição específica de cada microambiente.


Figura 4 – Média aritmética dos valores de cobertura de cada espécie em amostras com a presença de Sargassum cymosum (COM) e sem a presença de  Sargassum cymosum (SEM) em cada época do ano.
Analisando o gráfico da Figura 5 podemos confrontar visualmente a composição específica das amostras com a presença/ausência de Sargassum cymosum e percebemos que a maioria das espécies do local existe em ambas as comunidades, variando seus valores de importância (cobertura) de acordo com a sua preferência. Existindo dominantes diferentes para cada comunidade.





 

Figura 5 – Valores de importância de cada espécie dominante nas amostras sazonais com ou sem a presença de Sargassum cymosum.
Áreas dominadas por Sargassum cymossum apresentaram as seguintes espécies dominantes na estação da Primavera:
·         Gracilaria dominguensis
      ·         Padina vickersiae
      ·         Amphyroa brasiliense
      ·         Jania adhaerens
      ·         Gracilaria ferox
      ·         Acanthophora spicifera
Dominantes na estação do Verão:
·         Padina vickersiae
      ·         Amphyroa brasiliense
      ·         Asparagopsis taxiformis
      ·         Dictyota cervicornis
  Dominantes na estação do Outono:
      ·         Asparagopsis taxiformis
      ·         Padina vickersiae
      ·         Acanthophora spicifera
      ·         Gracilaria dominguensis
 Dominantes na estação do Inverno:
      ·         Amphyroa brasiliense
      ·         Acanthophora spicifera
      ·         Gracilaria ferox
 
Comunidades sem a presença de Sargassum cymosum apresentaram as seguintes espécies dominantes na estação da Primavera:
·         Asparagopsis taxiformis
      ·         Sargassum filipendula
      ·         Dictyota cervicornis
      ·         Acanthophora spicifera
      ·         Gracilaria ferox
  Na estação do Verão:
      ·         Gracilaria dominguensis
       ·         Acanthophora spicifera
      ·         Gracilaria sjoestedtii
 Na estação do Outono:
      ·         Gracilaria dominguensis
      ·         Heterosiphonia gibbesii
      ·         Gracilaria sjoestedtii
      ·         Asparagopsis taxiformis
 
             Na estação do Inverno:
      ·         Asparagopsis taxiformis
      ·         Acanthophora spicifera
      ·         Gracilaria ferox
 
A.      Grupos morfofuncionais
Observando as figuras 6 e 7 podemos comparar a estrutura de cada comunidade de acordo com a presença de cada comunidade de acordo com a presença de determinado grupo morfofuncional em cada estação do ano.




Figura 6 – Valores de importância (cobertura) de cada grupo morfofuncional existente nas comunidades com a presença (COM) e ausência (SEM) de Sargassum cymosum em cada época do ano.
 Observamos também que o grupo das coriáceas domina em todas as estações do ano com exceção do inverno (em ambas as amostras).
Na presença de Sargassum cymosum, o grupo das calcárias apresentaram maiores valores de cobertura, com exceção do outono.


Figura 7 – Valores de cobertura de cada grupo morfofuncional por estação do ano.
 Analisando a figura 8 observamos que o grupo das algas ramificadas apresentam maiores valores de cobertura no outono/inverno, em ambas as comunidades estudadas.
  As coberturas dos grupos de folhosas e calcárias foram insignificantes em comunidades sem a presença de Sargassum cymosum, embora o grupo das calcárias apresentarem valores significativos na presença de Sargassum cymosum, com exceção do outono.

Figura 8 – Comportamento dos grupos morfofuncionais de algas em cada comunidade analisada.
   A cobertura do grupo das filamentosas difere substancialmente nas duas comunidades analisadas com exceção do outono, onde apresentaram significativas coberturas.
   Analisando a figura 8 podemos observar que as maiores diferenças entre as duas comunidades encontram-se na estação do verão; ocorrendo diminuição na cobertura dos grupos: Ramificadas (COM), Coriáceas (COM) e Filamentosas (SEM) e na estação do inverno na cobertura dos grupos: Ramificadas (COM), Filamentosas (COM) e aumento no grupo das Calcárias (COM).
O desaparecimento de uma espécie habitante de um costão rochoso propicia espaço para outros organismos que recrutam este em um embate físico e biológico (Connell & Slatyer, 1977; Sousa, 1984 e Dayton, 1984).
 Sendo as espécies de Sargassum habitantes frequentes de costões do sudeste brasileiro (Paula, 1978 e Eston et all, 1986), sua presença ou não determina condições para a existência de diversas espécies que se utilizam daquela espécie de Sargassum para suas sobrevivências (Eston, 1987).
Encontram-se espécies de Sargassum férteis o ano todo (Paula e Eston, 1987) e já foi confirmado que a espécie trabalhada nesta comunicação libera oosfera independente da temperatura ambiental (Paula, 1984).
             O tamanho de Sargassum cymosum influi na própria densidade da espécie e, o ato de varrer constantemente o substrato elimina e/ou evita o recrutamento de outras espécies (Paula, 1978), assim como para outras espécies em ambientes não tropicais tais como Laminaria (Velimirov & Griffiths, 1979) e Cystoseira (Dayton et al, 1984).
             O efeito do sombreamento também é um fator decisivo no estabelecimento de algas sob populações de Sargassum (Eston, 1987).
           Ao contrário das estruturas das comunidades encontradas em populações de Sargassum stenophyllum descritas para o litoral de São Paulo (Eston, 1987), as comunidades encontradas neste estudo mostraram duas comunidades distintas, influenciadas pela presença da espécie canopy e pelas mudanças sazonais.
            A utilização da metodologia dos grupos morfofuncionais (Littler & Littler, 1980) facilitaram a compreensão da estrutura e comportamento das espécies frente a cobertura da macroalga e das mudanças referentes as estações sazonais.
REFERÊNCIAS
Bray, J. R. and Curtis, J.T. 1957. An Ordination of the Upland Forest Communities of Southern Wisconsin. Ecological Monographs 27:325–349. [Link]
Connell, J.H. and Slatyer, R.O. 1977. Mechanisms of succession in natural communities and their role in community stability and organization. Am. Nat. 111:1119-1144.
Dayton, P.K. 1984. Processes structuring some marine communities: are they general? In Strong, Simberloff, Abele & Thistle(ed). Ecological communities: conceptual issues and evidence. Princeton Univ. pags.191-197.
Dayton, P.K.;  Currie, V.; Gerrodette, T.; Keller, B. D.; Rosenthal, R. and Ven Tresca, D. 1984. Patch dynamics and stability of some California kelp communities. Ecol. Monogr. 54:253-289.
Eston, V.R.; Migotto, A.E.; Oliveira Filho, E.C.; Rodrigues, S.A. & Freitas, J.C. 1986. Vertical distribution of benthic marine organisms on rocky coasts of the Fernando de Noronha Archipelago. Bolm.Inst.Oceanogr. 34:37-53.
Eston,V.R. 1987. Avaliação experimental da dominância ecológica em uma comunidade de macroalgas do infralitoral rochoso. Tese de doutoramento. USP.
Joly, A.B. 1965. Flora marinha do litoral norte do Estado de São Paulo e regiões circunvizinhas. Boletim da Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade de São Paulo 294:1-393.
Kershaw, K.A. and Looney, J.H.H. 1985. Quantitative and dynamic plant ecology. 3ª Ed.  Edward Arnold.
Littler, M.M. and Littler, D.S. 1980. The evolution of thallus form and survival strategies in benthic marine macroalgae: Field and laboratory test of a functional form model. Amer.Natur. 116:25-44.  [Link]
Paula, E.J. & E.C. Oliveira Filho. 1980. Aspectos fenológicos de duas populações de Sargassum cymosum (Phaeophyta –Fucales) do litoral de São Paulo, Brasil. Bolm. Botânica, Univ. S. Paulo. 8: 21-39.
Paula, E.J. & Oliveira Filho, E.C. 1982. Wave exposure and ecotypical differentiation in Sargassum cymosum (Phaeophyta - Fucales). Phycologia 21:145-153.
Oliveira Filho, E.C. & Paula, E.J. 1983. Aspectos da distribuição vertical e variação sazonal e comunidades da zona das marés em costões rochosos do litoral norte do Estado de São Paulo. Publicações do Instituto de Pesquisas da Marinha 147:44-71.
Oliveira Filho, E.C. & Mayal, E.M. 1976. Seasonal distribution of intertidal organisms at Ubatuba, São Paulo (Brazil). Revista Brasileira de Biologia 36: 305-316.
Paula, E.J. 1978. Taxonomia, aspectos biológicos e ecológicos do gênero Sargassum no litoral do Estado de São Paulo. Dissertação de Mestrado. USP. 190pag.
Paula, E.J. 1988. O gênero Sargassum C. Ag. (Phaeophyta - Fucales) no litoral do Estado de São Paulo, Brasil. Boletim de Botânica 10:65-118.
Paula, E.J. & Eston, V.R. 1987. Are there other Sargassum species potentially as invasive as S. muticum? Botanica Marina 30:405-410.
Sousa, W.P. 1984. The role of disturbance in natural communities.  Ann.Rev.Ecol.Syst.  15:353-391.
Ugadim, Y. 1973. Algas marinhas bentônicas do litoral Sul do Estado de são Paulo e do litoral do Estado do Paraná. II. Divisão Phaeophyta. Port. Acta. Biol. Lisboa, 12: 69-131.
Velimirov, B. and Griffiths, C.L. 1979. Wave induced movement and its importance for community structure. Bot.Mar. 22:169-172.
Yoneshigue-Braga, Y. 1970. Flora marinha bentônica da Baía de Guanabara e cercanias. II. - Phaeophyta. Instituto de Pesquisas da Marinha, Rio de Janeiro, Publicação 45, p.1-31. 


Observações: A nomenclatura foi mantida.